Posts com Tag ‘mercado de trabalho para deficientes físicos’

A quantidade de matrículas de pessoas com deficiência na educação superior aumentou 933,6% entre 2000 e 2010. Estudantes com deficiência passaram de 2.173 no começo do período para 20.287 em 2010 – 6.884 na rede pública e 13.403 na particular. O número de instituições de educação superior que atendem alunos com deficiência mais que duplicou no período, ao passar de 1.180 no fim do século passado para 2.378 em 2010. Destas, 1.948 contam com estrutura de acessibilidade para os estudantes.

No orçamento de 2013, o governo federal vai destinar R$ 11 milhões a universidades federais para adequação de espaços físicos e material didático a estudantes com deficiência, por meio do programa Incluir. O valor é quase quatro vezes maior em relação ao investimento deste ano, de R$ 3 milhões.

O Incluir tem como objetivo promover ações para eliminar barreiras físicas, pedagógicas e de comunicação, a fim de assegurar o acesso e a permanência de pessoas com deficiência nas instituições públicas de ensino superior. Até 2011, o programa foi executado por meio de chamadas públicas. Desde 2012, os recursos são repassados diretamente às universidades, por meio dos núcleos de acessibilidade. O valor destinado a cada uma é proporcional ao número de alunos.

Entre 2013 e 2014, o governo vai abrir 27 cursos de letras com habilitação em língua brasileira de sinais (libras) nas universidades federais, uma em cada unidade da Federação. Além disso, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) vai ofertar mais 12 cursos de educação bilíngue (português–libras) a partir do próximo ano.

Para dar suporte de recursos humanos aos novos cursos nas universidades federais, será autorizada a abertura de 229 vagas de professores e 286 de técnicos administrativos. As ações fazem parte do eixo educação do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver sem Limite, que envolve diversos ministérios para promover a inclusão, autonomia e direitos das pessoas com deficiência.

Fonte: MEC

Leia também:

Pronatec reserva 20 mil vagas para capacitação de pessoas com deficiência
Lançado novo programa para qualificação da pessoa com deficiência

Passo Firme – 03.10.2012
Vote no Blog Passo Firme para o TopBlog 2012!

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), Maria do Rosário (foto), disse hoje (16) que é positivo o saldo dos primeiros nove meses do Plano Nacional da Pessoa com Deficiência, o Viver sem Limite. Entre as realizações, estão a abertura de 20 mil vagas para esse público no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e a compra de 678 ônibus acessíveis, que serão destinados a 519 municípios.

O plano foi instituído em novembro de 2011 por meio do Decreto 7.612, tendo como objetivo assegurar o acesso a serviços básicos a pessoas com deficiência. No Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 45 milhões de brasileiros (24% da população) se declararam com algum tipo de deficiência.

“Não consideramos metas não cumpridas porque ainda não fechamos 2012. O objetivo é cumprirmos todas”, informou a ministra. “A acessibilidade é um desafio, não só arquitetônico, mas também de comunicação, por exemplo. Ao longo da história, essa não foi uma questão observada, o que dificulta a atual implementação”, explicou. Os estados mais beneficiados são os do Norte e Nordeste, onde foram identificadas as maiores carências de serviços.

O plano é organizado em quatro eixos: acesso à educação, acessibilidade, atenção à saúde e inclusão social. As políticas públicas adotadas a partir desses focos são pactuadas entre a União, os estados e os municípios. De acordo com Maria do Rosário, nos eixos de educação, saúde e inclusão, há 100% de acesso dos estados.

No âmbito da acessibilidade, entretanto, apenas oito estados estão plenamente comprometidos, enquanto outros 18 estão em vias de adesão. Na próxima segunda-feira (20), está prevista a entrada, nesse eixo, de Pernambuco. No dia 31 de agosto, serão incluídos Sergipe e Paraíba.

De acordo com Maria do Rosário, o período de eleições não deverá prejudicar o andamento do plano, que deverá manter entregas de bens a partir de novembro. Este é o caso da entrega de 678 ônibus acessíveis, que já estão comprados, mas que serão recebidos pelos municípios somente após o prazo eleitoral, em cumprimento da legislação.

No eixo de acesso à educação, além da abertura de 20 mil vagas no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), outra medida importante do Viver sem Limite foi a incorporação de mais de 2 mil municípios ao Programa Benefício de Prestação Continuada (BPC) Escola – que vincula a frequência escolar ao recebimento do benefício.

No eixo da acessibilidade, um dos destaques foi a construção, por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida, de 99 mil casas adaptadas, construídas de acordo com sistema universal, que permite a adaptação à moradia de pessoas com deficiência. Outra conquista foi a implantação do Centro Nacional de Tecnologia Assistiva, em Campinas (SP), e de quatro núcleos dos 29 que formam a rede de inovação entre universidades para desenvolver tecnologia assistível.

Na área fiscal, a pessoa com deficiência foi beneficiada pela União com a desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O governo federal negocia com os estados a desoneração também para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na compra de automóveis até R$ 70 mil – o que deve reduzir o preço dos veículos entre 30% e 40%, contabilizado com a retirada dos dois impostos.

Estão previstas outras realizações do programa para este ano, entre essas, o lançamento da página na internet do Pronatec, em setembro, na qual pessoas com deficiência poderão cadastrar-se em cursos de formação. O governo prevê também a entrega de mais 1,2 milhão de casas adaptadas pelo Minha Casa, Minha Vida 2.

Fonte: Agência Brasil

Leia também:

Programa de ensino técnico terá política especial para pessoas com deficiência

Passo Firme – 16.08.2012
Vote no Blog Passo Firme para o TopBlog 2012!

As pessoas com deficiência costumam ser contratadas para ocuparem cargos de baixa responsabilidade e ainda sofrem com a falta de planos de carreira nas empresas em que atuam. Ao menos é isso o que aponta um recente levantamento da i.Social – consultoria especializada na inclusão de deficientes no mercado de trabalho.

De acordo com a pesquisa Pessoas com Deficiência: expectativas e percepções sobre o mercado de trabalho, 84% dos funcionários com deficiência costumam ser contratados para trabalharem em cargos administrativos nas empresas brasileiras. Contudo, nem todos costumam ser favorecidos com boas oportunidades.

“Esse é o principal gargalo do setor: a baixa qualidade das vagas oferecidas para as pessoas com deficiência. São vagas de base, operacionais. É quase impossível encontrar uma oportunidade de gerente ou coordenador, por exemplo”, diz o sócio-diretor da i.Social, Jaques Haber.

Para se ter uma ideia, segundo a avaliação, apenas 9% dos cargos disponibilizados pelas companhias costumam ser gerenciais. “Tal fato demonstra que as companhias estão apenas preocupadas com as cotas impostas pelo governo, se empenhando muito pouco para oferecer verdadeiros planos de carreira aos seus contratados”, conclui.

QUALIFICAÇÃO NÃO É MITO – Outro problema revelado pelo estudo diz respeito à qualificação da mão de obra de tais profissionais. Afinal, ao contrário do que muitos possam imaginar, a formação nem sempre costuma ser um problema. “Estabeleceu-se um mito de que todo deficiente é pouco qualificado e isso não é verdade. Temos em nosso cadastro pessoas que estão cursando o nível médio, o curso superior e até mesmo uma pós-graduação”, diz Haber.

Segundo o levantamento, dos 800 participantes da pesquisa, 35,4% deles declararam possuir Ensino Médio completo e 17,4% afirmaram estar cursando o ensino superior. Os que declaram ter concluído o curso universitário, entretanto, atingiram 20,2%, o que revela um importante dado do setor. “Os profissionais com algum tipo de deficiência que ainda estão cursando uma pós-graduação ou que já concluíram o curso representaram, respectivamente, 4,2% e 7,2% do total de respondentes”, explicou Haber.

DEFICIÊNCIAS MAIS LEVES – O estudo também apontou a preferência das empresas pela contratação de profissionais com deficiências mais leves, como a física, que teve 71% das ocupações nas organizações. “As empresas procuram pesssoas com deficiências mais leves. Um cadeirante costuma ter dificuldade de conseguir emprego, pois a adequação dos espaços ainda é um problema para as companhias”, informa Haber.

De forma geral, a disposição das contratações se mantêm dividida entre os profissionais com deficiência auditiva (20,3%), visual (7,3%), múltipla (0,9%) e intelectual (0,5%). “Às vezes, a resistência de contratação é do próprio gestor de uma companhia e não da área de recursos humanos em si. Trata-se de um problema cultural, que certamente deverá mudar com a próxima geração”, diz Haber.

Fonte: InfoMoney

Leia também:

Pesquisa revela: pessoas com deficiência ocupam cargos operacionais

Passo Firme – 08.11.2011
Vote no Blog Passo Firme na segunda fase do TopBlog 2011! Ele está entre os 100 mais votados!

Uma pesquisa realizada pela empresa especializada em inclusão de pessoas com deficiência i.Social, com 800 pessoas, mostrou que 84% destes profissionais ocupam posições operacionais. As profissões predominantes são telefonista e assistente administrativo. “São cargos de entrada, pouco atrativos, com baixo grau de responsabilidade e tomada de decisão”, aponta o diretor da i.Social, Danilo Al Makul.

De acordo com Makul, este é um dos principais problemas da política pública de inclusão das pessoas com deficiência. Ao atentar demais para os números, as condições profissionais ficam em segundo plano. Para o especialista, o debate sobre a qualidade da inclusão ainda é muito tímido e este é um dos principais fatores que impedem um crescimento mais vigoroso do mercado de trabalho para pessoas com deficiência.

“Frequentemente ouvimos relatos de pessoas com deficiência qualificadas que não conseguem encontrar oportunidades compatíveis com o seu perfil, bem como pessoas que dizem não possuir possibilidades de crescer e prosperar dentro das organizações”, aponta. A afirmação de muitas empresas de que não há mão de obra qualificada para as vagas disponíveis também ganha outra perspectiva diante dos resultados da pesquisa do i.Social.

O público pesquisado apresenta um grau de qualificação considerado elevado. A maior parcela das pessoas (35,4%) declarou que possui ensino médio completo. Porém 61,5% possuem grau de qualificação a partir de ensino superior incompleto chegando até pós-graduação concluída. Apenas 3,2% declararam possuir ensino fundamental incompleto ou completo. “Os dados deste gráfico auxiliam na derrubada de um dos maiores mitos difundido por aqueles que trabalham na contramão da inclusão: as pessoas com deficiência não são qualificadas”, aponta Makul.

Para ele, grande parte da população com deficiência é pouco qualificada, assim como a grande parte da população brasileira. Entretanto, a afirmação anterior generaliza o grupo de pessoas com deficiência, incluindo-os em uma única categoria, a dos não qualificados.

Fonte: i.Social

Matérias relacionadas:

Nova lei beneficiará dois milhões de pessoas com deficiência no mercado de trabalho

Reduziu a inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho
Desconhecer as potencialidades é um dos entraves à colocação profissional das pessoas com deficiência
Programa de ensino técnico e emprego terá política especial para pessoas com deficiência
Opinião: Lei de cotas – Estado precisa atuar na inclusão de deficientes

Acessibilidade – aonde queremos chegar?

Passo Firme – 26.10.2011
Vote no Blog Passo Firme na segunda fase do TopBlog 2011! Ele está entre os 100 mais votados!

Na semana em homenagem ao Dia do Deficiente Físico (11/10), o Brasil comemora mais um avanço em sua legislação. Trata-se da Lei 12.470/11, que pretende diminuir as barreiras trabalhistas para cerca de dois milhões de pessoas com deficiência que recebem o chamado Benefício de Prestação Continuada (BPC). Agora, pessoas com deficiência que recebem o BPC não perderão mais o benefício quando entrarem no mercado de trabalho, como ocorria até pouco tempo.

Antes, independentemente de ser efetivado no emprego, o deficiente perdia em definitivo o benefício, o que desestimulava a procura por postos de trabalho. Ao ter o BPC apenas suspenso (e não extinto), esses profissionais passam a se beneficiar de todas as vantagens cognitivas e sociais que um trabalho pode proporcionar.

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14,5% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. Dos cerca de 24,6 milhões de pessoas que possuem ao menos alguma dificuldade em enxergar, ouvir, locomover-se ou alguma deficiência mental ou física, apenas nove milhões estão no mercado de trabalho. “Sabemos que, além do preconceito e da falta de qualificação, a nossa legislação também se mostra como barreira para que grande parte das pessoas com deficiência possa entrar no mercado formal”, explicou o relator da medida na Câmara, deputado André Figueiredo (foto), que propôs mudanças por meio da MP 529/11, que agora se concretizam com a Lei 12.470/11.

Para o vice-presidente administrativo do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), Luís Cláudio Pereira, a lei garantirá mais qualificação profissional para as pessoas com deficiência. “A iniciativa é muito bem vista pelo CPB, já que os empregadores alegam que não contratam pessoas com deficiência porque elas não são qualificadas. Mas como se qualificarão se não tiverem a oportunidade de trabalhar? A sociedade tem que lembrar que, mesmo com limitações, a pessoa com deficiência pode desempenhar diversas funções, basta ter o treinamento adequado para isso”, comemorou.

Garantia similar foi proposta também para os aprendizes com deficiência, que, ao invés de perderem o BPC, passem a acumular a ajuda financeira com o salário-aprendizagem. “O salário do aprendiz se dá por mínimo-hora e, normalmente, o jovem trabalha em período parcial, o que diminui o valor da remuneração recebida. Além disso, não se pode desconsiderar a importância psicossocial da aprendizagem para a pessoa com deficiência, já que esse mecanismo poderá levá-la à emancipação do benefício assistencial por meio de sua inserção no mercado formal”, explicou o relator.

Outra mudança proposta pelo deputado cearense beneficiará os brasileiros com deficiência mental ou intelectual a ingressarem no mercado formal. Ao modificar a legislação, André Figueiredo permitiu que, mesmo que exerça alguma atividade remunerada, as pessoas com deficiência mantenham-se como beneficiários da pensão por morte dos pais, paga pela Previdência Social. Antes da edição da Lei 12.470/11, ao ingressarem no mercado de trabalho, o benefício era extinto. “Da forma como estava, a lei servia de desestímulo para o ingresso dessas pessoas no trabalho. Sabemos que a pensão é a única garantia real e vitalícia capaz de dar segurança ao órfão com deficiência intelectual ou mental. Por isso, agimos para corrigir essa distorção na legislação”, explicou André.

Fonte: Media House Comunicação

Matérias relacionadas:

Reduziu a inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho
Desconhecer as potencialidades é um dos entraves à colocação profissional das pessoas com deficiência
Programa de ensino técnico e emprego terá política especial para pessoas com deficiência
Opinião: Lei de cotas – Estado precisa atuar na inclusão de deficientes

Acessibilidade – aonde queremos chegar?

Passo Firme – 14.10.2011
Vote no Blog Passo Firme para o TopBlog 2011

Ana Demoliner

Enquanto muitas empresas alegam dificuldades para conseguir cumprir a Lei 8.213/91, que prevê que organizações com mais de 100 trabalhadores devem reservar uma cota do quadro de pessoal para pessoas com deficiência, outras cumprem o número exigido em lei e vão além.

A Marcopolo, empresa caxiense fabricante de carrocerias de ônibus, emprega 290 pessoas com deficiência no seu programa de inclusão chamado “Envolver”. Tendo como alguns de seus objetivos possibilitar a igualdade de oportunidades de qualificação profissional e perceber a pessoa com deficiência como um trabalhador capaz, com necessidade de autorrealização, o programa existe nos moldes atuais desde janeiro de 2008.

Osmar Piola, gerente de Recursos Humanos da Marcopolo, conta que o projeto oportuniza a inclusão de todos os tipos de deficiência (visual, auditiva, física, mental, reabilitação e múltiplas). “Fizemos um diagnóstico de todo o desenho físico dos locais de trabalho e os adequamos para receber bem a pessoa com deficiência”, afirma.

A contratação é realizada após testes de seleção adequados ao deficiente e aplicados pela agência recrutadora. Depois de serem efetivados, os contratados passam pela Escola de Formação Profissional da Marcopolo e pelos processos de capacitação. “Eles ficam na escola até estarem preparados para assumir suas funções. Tem gente que fica três meses, tem gente que fica oito”, explica Piola.

Na empresa há 10 anos, o deficiente físico Iverissius Antunes da Silva (foto), 31 anos, acredita que programas de inclusão são fundamentais para dar oportunidades aos deficientes físicos. “Todo tipo de incentivo é importante. Nunca me senti diferente de ninguém, mas tem deficiente que se torna mais deficiente por se sentir excluído de todo mundo”, conclui.

Fonte: Site Pioneiro

Matérias relacionadas:

Reduziu a inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho
Desconhecer as potencialidades é um dos entraves à colocação profissional das pessoas com deficiência
Programa de ensino técnico e emprego terá política especial para pessoas com deficiência
Opinião: Lei de cotas – Estado precisa atuar na inclusão de deficientes

Acessibilidade – aonde queremos chegar?

Passo Firme – 09.10.2011
Vote no Blog Passo Firme para o TopBlog 2011

Cadeirante, o médico veterinário fez prova em 2009 e até hoje batalha na Justiça para ser nomeado

Marina Santa Clara Yakabe

Quem costuma prestar concursos públicos sabe o que é a maratona desde a inscrição até a divulgação da lista com os aprovados. Paraplégico, o veterinário João Paulo Buosi (foto), de 29 anos, conhecia bem essa rotina em 2009, quando resolveu fazer a prova para trabalhar no Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP).

Ele, que vinha de um emprego no Paraná obtido por meio de concurso, preparou-se e prestou o exame para o CRMV-SP em junho do mesmo ano. Passou em primeiro lugar na lista de pessoas com deficiência. Entretanto, o que deveria ser motivo de orgulho virou um pesadelo que ele vive até hoje, passados dois anos.

Buosi foi barrado no concurso por ser deficiente. O veterinário ainda espera uma solução para seu caso, que se transformou em uma verdadeira batalha com perícias médicas e perguntas sem resposta. “Não me convocaram, alegando que a minha deficiência é incompatível com o cargo, mesmo sem fazerem nenhuma perícia e só com a documentação que eu havia enviado no ato da inscrição, quando me consideraram apto a prestar a prova”, afirmou o veterinário.

“INCOMPATIBILIDADE” COM O CARGO – Ao se inscrever para o exame, João Paulo entregou, no ato da inscrição, uma série de documentos e exames médicos que informavam sobre a sua deficiência. “O procedimento é normal”, afirma Thiago Lacerda Nobre (foto), procurador do Ministério Público Federal (MPF) em Jales, no interior de São Paulo. Os documentos para a inscrição foram aceitos pelo Conselho Regional. Essa mesma documentação sobre a deficiência, depois, foi usada para excluí-lo do concurso, após a divulgação do resultado.

“A alegação de que o candidato é deficiente não “cola”, porque o CRMV-SP já sabia que ele era cadeirante, a inscrição foi toda feita com essa documentação”, afirmou o procurador. Como o veterinário não foi convocado para o trabalho, o segundo colocado da lista de deficientes foi chamado, mas também acabou excluído do concurso.

EXPERIÊNCIA NA FUNÇÃO – Buosi já havia exercido função parecida com a oferecida pelo CRMV-SP. Na época, ele trabalhava no Paraná, onde foi aprovado em um órgão público. Caso fosse aprovado na prova do Conselho Regional, ele, que é de Fernandópolis, no interior de SP, trabalharia em São José dos Campos ou em Ribeirão Preto.

O procurador do MPF de Jales, Thiago Lacerda pediu duas perícias médicas para avaliar as condições do veterinário de exercer a função. Na primeira, ele foi avaliado como inapto para o emprego, mas na segunda, os próprios médicos do conselho o consideraram apto a trabalhar, com restrições – como não poder ir a áreas rurais em dias de chuva, devido à cadeira de rodas.

Apesar do resultado positivo, Buosi foi barrado mais uma vez no processo seletivo. “Entenderam por bem reprovar o João Paulo com base no que foi comentado por três servidores que não são técnicos, são da área dele e, por sinal, subordinados ao conselho, dizendo que ele não conseguiria aguentar um dia de serviço”, explicou Thiago. Entre a aprovação e a última perícia passaram-se quase dois anos. Sem acordo, o procurador entrou com processo na Justiça para que o veterinário seja nomeado imediatamente para o emprego, e avaliado em um estágio de dois anos, ou seja, exercendo a função, um procedimento padrão em concursos do tipo.

IRREGULARIDADES – De acordo com o procurador do MPF, houve duas irregularidades cometidas pelo CRMV-SP: primeiro desrespeitaram a ordem do concurso, quando chamaram o segundo colocado, e segundo não fizeram uma perícia que excluísse definitivamente o veterinário do processo seletivo. Na ação, o procurador ainda pede uma indenização no valor de R$ 1 milhão, a ser revertida em medidas de inclusão de deficientes. “O dinheiro vai ficar em uma conta da Justiça, e a gente vai ver se doa a alguma entidade ou investe em alguma obra específica”, disse.

Cadeirante desde 2002, após um acidente, Buosi vinha se dedicando a concursos pelas condições de acesso a deficientes que ele não encontrava em outros empregos. Mas a batalha travada com o CRMV o desanimou. “Até tive outras oportunidades, mas esbarrava na acessibilidade, aí prestei esse do Paraná e acabei virando “concurseiro”. Meu objetivo sempre foi um concurso do Ministério da Agricultura, mas esse fato me desanimou muito. Não consegui mais pegar firme nos estudos. Fico pensando que pode não dar certo de novo e não vai ser por falha minha”, lamentou o veterinário.

Enquanto o processo judicial prossegue, o procurador Lacerda ainda espera um parecer favorável em uma liminar que já foi enviada por ele à Justiça e pede a nomeação imediata de Buosi. O veterinário, que segue trabalhando em Jales, em um órgão no qual também entrou via concurso, diz já nem saber o que esperar do futuro. “Já estou tão frustrado, decepcionado, perdi tantas noites de sono com isso que não tive nem tempo de pensar se quero ou não esse trabalho, estou meio que deixando rolar”, concluiu.

Editais de concursos não podem limitar a entrada de deficientes

Pessoas com deficiência podem se candidatar a qualquer vaga em concursos públicos, sem nenhuma limitação prevista no edital. A regra vale desde que a deficiência não interfira na profissão, afirma o procurador Thiago Lacerda Nobre, do Ministério Público Federal em Jales, no interior de São Paulo. Por lei, 5% das vagas em concursos são reservadas para deficientes.

O candidato com deficiência não pode prestar concurso para ser Policial Militar se for cego, para trabalhar na rua, por exemplo. Mas, se for um serviço administrativo e ele for cadeirante, não tem problema nenhum entrar na polícia. “Não há uma norma geral que restrinja os concursos públicos para deficientes”, afirma o procurador. Cada caso deve ser analisado individualmente, pela documentação enviada na inscrição, como atestados médicos e exames. Os documentos devem ser solicitados pelo órgão que realiza a prova.

“O deficiente, por lei, tem direito a concorrer às vagas, desde que a deficiência dele não atrapalhe minimamente a condição do cargo. Então, esse primeiro exame dos documentos visa analisar se a deficiência da pessoa se enquadra entre o que não é problema para o trabalho e também se ela pode prestar o concurso. Não é todo tipo de deficiência que permite que ela dispute o concurso”, explicou. Assim como aconteceu na inscrição de João Paulo Buosi, o órgão avalia se o candidato está apto a se inscrever para aquela vaga. Nesse momento e na hora da perícia, o deficiente pode ser barrado.

Fonte: Portal R7

Matérias relacionadas:

Reduziu a inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho
Opinião: Lei de cotas – Estado precisa atuar na inclusão de deficientes
Acessibilidade – aonde queremos chegar?

Passo Firme – 08.10.2011
Vote no Blog Passo Firme para o TopBlog 2011

Desculpe! O conteúdo deste post foi removido a pedido do autor.

Passo Firme – 07.08.2011
Vote no Blog Passo Firme para o Top Blog 2011

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que pretende oferecer oportunidades de formação profissional para 8 milhões de pessoas até 2014, deverá ter políticas especiais de atendimento a portadores de deficiência. Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, essa é uma determinação da presidenta Dilma Rousseff. O projeto de lei que cria o programa tramita na Câmara dos Deputados em regime de urgência.

Haddad não especificou de que forma será pensado o atendimento especial para esse público. Uma das estratégias pode ser a priorização dos deficientes na distribuição das bolsas em cursos técnicos que serão oferecidas a estudantes e trabalhadores. A deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), que apresentou emendas ao projeto, disse que é preciso adaptar os materiais e a infraestrutura das instituições de ensino para receber os alunos com deficiência.

“Os conteúdos, materiais e os recursos humanos das escolas técnicas precisam estar preparados para receber esses alunos. Nos últimos anos, enquanto a empregabilidade do trabalhador comum conseguiu crescer, com relação ao trabalhador com deficiência essa empregabilidade caiu”, assinalou a deputada.

O projeto de lei recebeu 18 emendas na Câmara. Haddad acredita que há consenso para que ele seja aprovado com rapidez. A expectativa do Ministério da Educação é começar com as ações do programa ainda no segundo semestre de 2011.

“Agora depende mais da vontade do parlamento. Mandamos em regime de urgência para já no segundo semestre iniciarmos as atividades como ensaio para que o programa ganhe escala no ano que vem”, disse o ministro.

O Pronatec foi lançado em abril pela presidenta Dilma e tem como meta oferecer 8 milhões de vagas, até 2014, na educação profissional para estudantes do ensino médio e trabalhadores que necessitam de qualificação. O programa prevê a ampliação das redes federal e estaduais de educação profissional, pagamento de bolsa formação para trabalhadores e estudantes, aumento das vagas gratuitas em cursos do Sistema S e a extensão do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para cursos técnicos.

De acordo com o ministro, já há uma reserva de recursos para 2011, caso o projeto seja aprovado logo. O orçamento para 2012 ainda será definido depois que as ações forem determinadas.

Fonte: Agência Brasil

Passo Firme – 04.06.2011
Vote no Blog Passo Firme para o Top Blog 2011