Dr. Marco Antonio Guedes de Souza Pinto*

A reabilitação do paciente amputado do ponto de vista fisioterápico é uma reabilitação funcional, com ou sem a indicação do uso de prótese, onde o paciente participa plena e conscientemente da equipe multidisciplinar, que basicamente envolve: médico, técnico protesista, fisioterapeuta e/ou terapeuta ocupacional, a depender do nível de amputação do paciente. Todos os profissionais têm que, preferivelmente, ter experiência no trabalho com amputados, o que faz grande diferença no resultado alcançado.

O sucesso implica na interação de muitos fatores: paciente, cirurgia, equipe e prótese. A atuação precoce da equipe de reabilitação é muito importante, visando prevenir a instalação de deformidades, atrofias musculares, ganho de mobilidade, independência para realizar tarefas de autocuidado e locomoção. Infelizmente, ainda hoje, a abordagem fisioterápica no paciente hospitalizado depende do cirurgião responsável, que pode desconhecer seus benefícios, quer em nível de prevenção ou da reabilitação propriamente dita.

O trabalho do fisioterapeuta com o paciente amputado está em conexão direta com a qualidade da cirurgia e com o conhecimento do funcionamento e confecção dos diferentes sistemas protéticos. Uma cirurgia bem sucedida significa menos dor e sofrimento, menor estresse emocional, menor atrofia muscular e um processo reabilitacional mais ágil e dinâmico. Atualmente as técnicas cirúrgicas mudaram muito em função do conhecimento da biomecânica das próteses, da localização dos pontos de apoio do coto de amputação no encaixe e dos possíveis pontos de atrito das estruturas ósseas e função do coto.

CIRURGIA MAL FEITA – O uso de técnica cirúrgica inadequada pode favorecer a presença e a permanência prolongada da dor fantasma; comprometer a liberação de cicatrizes, e a localização de neuromas numa área de fibrose cicatricial exige um trabalho maior de dessensibilização; pode haver formação de espículas ósseas, determinando maiores cuidados com o enfaixamento elástico, manipulação do coto e na adaptação à prótese.

A ocorrência de bolhas, esfoladuras, espessamentos de pele também é mais frequente nesses casos; o excesso de partes moles prejudica a suspensão da prótese e no caso da alavanca óssea estar diminuída, implicará em maior esforço muscular com maior gasto energético, num coto provavelmente flácido, sem reinserção muscular com tensão, etc. Esses fatores podem determinar uma nova intervenção cirúrgica para adequação do paciente.

O conhecimento dos diferentes sistemas e do funcionamento protético implica diretamente na programação cinesioterápica indicada para o comando da prótese e o consequente treino/ajuste dinâmico da prótese x marcha. A cinesioterapia nada mais é que a parte da fisioterapia que utiliza o movimento provocado pela atividade muscular do paciente com uma finalidade precisamente terapêutica. Neste caso, o fisioterapeuta tem que estar sempre atualizado quanto aos avanços tecnológicos dos aparelhos protéticos e seu funcionamento para que o paciente possa desenvolver ao máximo o seu potencial.

Fonte: CMW

* Marco Guedes é ortopedista e traumatologista formado pela USP e fundador do Centro Marian Weiss (CMW), clínica especializada no tratamento de pessoas portadoras de problemas nos pés, pé diabético e amputados dos membros superiores e inferiores.

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Passo Firme – 26.06.2012
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